Tuesday, September 30, 2008
Pés na Relva
Hoje encontrei um blog que me deliciou e deixou a pensar ;) (gosto mesmo que me deixem a pensar...)
Deixo aqui este parágrafo que me chamou a atenção, mas estejam à vontade para espreitar o resto do blog Pés na Relva
"Como disse o jornalista João Pereira Coutinho, hoje “a criança nasce, não numa família mas numa pista de atletismo, com as barreiras da praxe: jardim-escola aos três, natação aos quatro, lições de piano aos cinco, escola aos seis. E um exército de professores explicadores, educadores e psicólogos, como se a criança fosse um potro de competição.” Esqueceu-se que a corrida começa normalmente mais cedo, aos quatro meses, quando o bebé vai para a ama. E que, aparentemente, não tem fim, pois nem nas férias os deixam descansar…"
Deixo aqui este parágrafo que me chamou a atenção, mas estejam à vontade para espreitar o resto do blog Pés na Relva
"Como disse o jornalista João Pereira Coutinho, hoje “a criança nasce, não numa família mas numa pista de atletismo, com as barreiras da praxe: jardim-escola aos três, natação aos quatro, lições de piano aos cinco, escola aos seis. E um exército de professores explicadores, educadores e psicólogos, como se a criança fosse um potro de competição.” Esqueceu-se que a corrida começa normalmente mais cedo, aos quatro meses, quando o bebé vai para a ama. E que, aparentemente, não tem fim, pois nem nas férias os deixam descansar…"
Tuesday, September 16, 2008
Saturday, September 13, 2008
"Profissão: Mãe
Uma mulher foi renovar a sua carta de condução.
Pediram-lhe para informar qual era a sua profissão.
Ela hesitou, sem saber bem como se classificar.
"O que eu pergunto é se tem um trabalho", insistiu o funcionário.
"Claro que tenho um trabalho", exclamou. "Sou mãe".
"Nós não consideramos 'mãe' trabalho. Vou colocar Dona de Casa", disse
o funcionário friamente.
Não voltei a lembrar-me desta história até o dia em que me encontrei
em situação idêntica. A pessoa que me atendeu era obviamente uma
funcionária de carreira, segura, eficiente, dona da situação.
"Qual é a sua ocupação?" Perguntou.
Não sei o que me fez dizer isto; as palavras simplesmente saltaram-me
da boca para fora:
"Sou Doutora em Desenvolvimento Infantil e em Relações Humanas."
A funcionária fez uma pausa, a caneta de tinta permanente a apontar
para o ar, e olhou-me como quem diz que não ouviu bem. Eu repeti
pausadamente, enfatizando as palavras mais significativas.
Então reparei, maravilhada, como ela ia escrevendo, com tinta preta,
no questionário oficial.
"Posso perguntar", disse-me ela com novo interesse - "O que é que faz
exactamente?
Calmamente, sem qualquer traço de agitação na voz, ouviu-me responder:
"Desenvolvo um programa a longo prazo (qualquer mãe faz isso) em
laboratório e no campo experimental (normalmente eu teria dito dentro
e fora de casa). Sou responsável por uma equipa (minha família), e já
recebi quatro projectos (todos meninas). Trabalho em regime de
dedicação exclusiva (alguma mulher discorda?), o grau de exigência é
em nível de 14 horas por dia (para não dizer 24 horas).
Houve um crescente tom de respeito na voz da funcionária que acabou de
preencher o formulário, levantou-se, e pessoalmente abriu-me a porta.
Quando cheguei a casa, com o título na minha carta de condução, fui
recebida pela minha equipa: uma com 13 anos, outra com 7 e outra com 3
anos. Do andar de cima, pude ouvir o meu novo experimento (um bebé de
seis meses) testando uma nova tonalidade de voz. Senti-me triunfante!
Maternidade... Que carreira gloriosa! Assim, as avós deviam ser
chamadas - "Doutoras-Sénior em Desenvolvimento Infantil e em Relações
Humanas".
As bisavós: "Doutoras-Executivas-Sénior".
E as tias: "Doutoras-Assistentes".
Uma homenagem carinhosa a todas as mulheres, mães, esposas, amigas,
companheiras - Doutoras na Arte de fazer a vida melhor.
A todas as MULHERES, com carinho."
(este texto foi retirado do Fórum das Doulas de Portugal)
Uma mulher foi renovar a sua carta de condução.
Pediram-lhe para informar qual era a sua profissão.
Ela hesitou, sem saber bem como se classificar.
"O que eu pergunto é se tem um trabalho", insistiu o funcionário.
"Claro que tenho um trabalho", exclamou. "Sou mãe".
"Nós não consideramos 'mãe' trabalho. Vou colocar Dona de Casa", disse
o funcionário friamente.
Não voltei a lembrar-me desta história até o dia em que me encontrei
em situação idêntica. A pessoa que me atendeu era obviamente uma
funcionária de carreira, segura, eficiente, dona da situação.
"Qual é a sua ocupação?" Perguntou.
Não sei o que me fez dizer isto; as palavras simplesmente saltaram-me
da boca para fora:
"Sou Doutora em Desenvolvimento Infantil e em Relações Humanas."
A funcionária fez uma pausa, a caneta de tinta permanente a apontar
para o ar, e olhou-me como quem diz que não ouviu bem. Eu repeti
pausadamente, enfatizando as palavras mais significativas.
Então reparei, maravilhada, como ela ia escrevendo, com tinta preta,
no questionário oficial.
"Posso perguntar", disse-me ela com novo interesse - "O que é que faz
exactamente?
Calmamente, sem qualquer traço de agitação na voz, ouviu-me responder:
"Desenvolvo um programa a longo prazo (qualquer mãe faz isso) em
laboratório e no campo experimental (normalmente eu teria dito dentro
e fora de casa). Sou responsável por uma equipa (minha família), e já
recebi quatro projectos (todos meninas). Trabalho em regime de
dedicação exclusiva (alguma mulher discorda?), o grau de exigência é
em nível de 14 horas por dia (para não dizer 24 horas).
Houve um crescente tom de respeito na voz da funcionária que acabou de
preencher o formulário, levantou-se, e pessoalmente abriu-me a porta.
Quando cheguei a casa, com o título na minha carta de condução, fui
recebida pela minha equipa: uma com 13 anos, outra com 7 e outra com 3
anos. Do andar de cima, pude ouvir o meu novo experimento (um bebé de
seis meses) testando uma nova tonalidade de voz. Senti-me triunfante!
Maternidade... Que carreira gloriosa! Assim, as avós deviam ser
chamadas - "Doutoras-Sénior em Desenvolvimento Infantil e em Relações
Humanas".
As bisavós: "Doutoras-Executivas-Sénior".
E as tias: "Doutoras-Assistentes".
Uma homenagem carinhosa a todas as mulheres, mães, esposas, amigas,
companheiras - Doutoras na Arte de fazer a vida melhor.
A todas as MULHERES, com carinho."
(este texto foi retirado do Fórum das Doulas de Portugal)
Atenção, muita atenção!
Antes deste post quero só deixar bem claro que estou muito feliz por termos mais uma pessoinha neste mundo, e que ainda bem que "correu tudo bem" no parto desta minha amiga. Acredito piamente, e defendo veementemente, que o parto que temos é sem dúvida o parto que nos estava destinado, perfeito para nós e bebé naquela circunstância e naquela fase da nossa vida.
No outro dia uma amiga veio-me contar que uma amiga nossa já tinha tido o bebé. Eu fiquei muito admirada, ela estava mais ou menos como mesmo tempo que eu...se a memória não me falha, que já vou confundindo um bocado as grávidas que me rodeiam...Mas não, ela estava efectivmente com o mesmo tempo que eu.
-A sério? Mas foi mais cedo não foi?
-Sim. Mas correu tudo bem.
-E quando nasceu? (se a pipoca nascesse agora,30 semanas, eu mesmo assim não ficava muito contente...)
-Nasceu no início de Agosto.
-????? Mas então nasceu mesmo muito cedo...Com quantas semanas nasceu?
-Com 22 semanas, mas correu tudo bem!
(...)
Bem, o que quero dizer com isto tudo é, correr tudo bem não é o bebé nascer, não é o bebé nascer vivo e não acontecer nenhuma desgraça à mãe. Contabilizar o sucesso de um parto pela sobrevivência do bebé e da mãe deixa muito a desejar...e há que desejar efectivamente o melhor para as nossas crianças.
Pensem nisso...
Já que hoje em dia gostamos tanto de estatísticas e nos agarramos tanto aos números, ao menos acho que devíamos incluir nesta equação mais umas quantas variáveis a ter em conta.
No outro dia uma amiga veio-me contar que uma amiga nossa já tinha tido o bebé. Eu fiquei muito admirada, ela estava mais ou menos como mesmo tempo que eu...se a memória não me falha, que já vou confundindo um bocado as grávidas que me rodeiam...Mas não, ela estava efectivmente com o mesmo tempo que eu.
-A sério? Mas foi mais cedo não foi?
-Sim. Mas correu tudo bem.
-E quando nasceu? (se a pipoca nascesse agora,30 semanas, eu mesmo assim não ficava muito contente...)
-Nasceu no início de Agosto.
-????? Mas então nasceu mesmo muito cedo...Com quantas semanas nasceu?
-Com 22 semanas, mas correu tudo bem!
(...)
Bem, o que quero dizer com isto tudo é, correr tudo bem não é o bebé nascer, não é o bebé nascer vivo e não acontecer nenhuma desgraça à mãe. Contabilizar o sucesso de um parto pela sobrevivência do bebé e da mãe deixa muito a desejar...e há que desejar efectivamente o melhor para as nossas crianças.
Pensem nisso...
Já que hoje em dia gostamos tanto de estatísticas e nos agarramos tanto aos números, ao menos acho que devíamos incluir nesta equação mais umas quantas variáveis a ter em conta.
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