Acabadinha de chegar de Beja tive duas consultas. De manhã a ecografia, de tarde a consulta com a minha médica de família.
De manhã tive um exemplo ao vivo e a cores do que é a tecnocracia. E não gostei nada...
Ora então, cheguei ao hospital, apresentei-me à administrativa e ela passou-me um papel para eu assinar enquanto esperávamos pela nossa vez. O papel dizia que eu autorizava a fazerem-me uma série de exames, amniocentese, cordocentese, e outros que tais, depois de me terem explicado os riscos e benefícios. Ora nem ninguém me tinha explicado nenhum risco nem benefício, como eu só estava ali para fazer uma simples ecografia... Decidi esperar até entrar e falar com a médica.
Entrei no consultório, pediram-me o "tal" papel, e eu lá respondi que não tinha assinado porque queria que me explicassem o que estava a assinar.Elas disseram que era uma simples autorização mas quando olharam para o papel, "mas este é o papel errado!!". Resumindo, lá me foram buscar o papel "certo" que dizia nada mais nada menos que eu autorizava a realização da ecografia conhecendo os riscos e benefícios(que obviamente ninguém explicou) e que esta servia essencialmente para detectar grandes malformações, no entanto, ainda que tudo parecesse normal, isso não garantia uma criança saudável...Simpático não? Eu acabei por assinar sem "incomodar" mais a Srª Drª.
De seguida ela informou-me que a seguir eu ia fazer o exame bioquímico. Ups, lá tive de chatear outra vez... E esse exame é o quê? Para que serve? "Não é nada, é apenas um exame de rotina que se faz a casais jovens". Pois sim, mas e serve exactamente para quê? "é um exame de rotina, é só tirar sangue, e serve para fazer o despiste da Trissomia 21." Então nesse caso não estou interessada em fazer esse exame. Olá!! Aqui a Srª Drª levantou pela primeira vez os olhos dos papeis e olhou para mim. Já nem sei o que ela disse, eu e o Eduardo lá íamos dizendo que não pensávamos abortar em caso de malformações, que esta criança ia nascer se quisesse, e que não sentíamos necessidade de saber agora caso alguma coisa acontecesse.
Lá passámos à eco propriamente dita, mas eu que ainda pensava que ia ser um momento mágico ver a pipoca pela 1ª vez, foi tudo menos isso. A médica não me dirigiu uma palavra, não me disse sequer quanto media a pipoca, lá referiu placenta prévia(eu ainda perguntei o que ela queria dizer com isso, mas não tive sorte nenhuma). Foi bruta e impessoal, eu saí de lá com o Eduardo a rir, a gozar com toda a situação, mas realmente se fosse outra pessoa qualquer ia sair dali com muitas dúvidas e muitos fantasmas.
O texto já vai longo, queria apenas dizer que de tarde com a minha médica de família foi tudo melhor. Até tenho esperança de conseguir construir uma relação simpática com ela de maneira a falar com ela sobre humanização do nascimento. Tenhamos fé ;) .